A Mão (The Hand, EUA, 1981) – Oliver Stone

 ★★

Oliver Stone teve uma carreira curiosa, de roteirista de filmes como Scarface do De Palma, até se notabilizar com um filme sobre o Vietnam (Platoon), consolidou sua carreira com filmes que vão de biografias (The Doors) até obras sobre a política norte-americana (JFK, W, etc), entre outras coisas, mas o homem começou mesmo, como diretor, no cinema de horror. Sua estreia foi no bizarro e chato Seizure (1974), só dirigindo um longa quase dez anos depois no bizarro A Mão.

John Landscape (Michael Caine) é um cartunista que criou o personagem Mandro, um genérico de Conan (vale lembrar que Stone escreveu o primeiro roteiro de “Conan, o Bárbaro”, que acabou sendo reescrito pelo diretor John Millus, limando várias idéias de Oliver). Ele vive recluso numa casa de campo, com a esposa (Andrea Marcovicci) e a filha pequena (Mara Hobbel).



Com o casamento em crise, John discute com a esposa durante uma viagem de carro, o que causa um acidente onde perde a mão.

Sem a mão para desenhar e com a mulher francamente lhe traindo, John entra num espiral de loucura e decadência, para piorar, a mão amputada no acidente, que nunca foi encontrada, acaba aparentemente criando vida própria e seguindo o protagonista, e matando seus desafetos.

Com bons efeitos de Carlo Rambaldi (E.T.), A Mão fica propositalmente naquela linha ambígua, se vira um body horror ou trilha pelo terror psicológico, afinal, há uma mão autônoma ou seria apenas delírio de John e ele estaria matando pessoas ao seu redor? Este é o tipo de história que fica melhor em um conto (e foi realmente baseado em um, de Marc Brandel), numa HQ ou um curta-metrragem. O problema é que não se sustenta em um longa, e o resultado é bem irregular e cansativo (ou seja, Oliver Stone não se deu bem no cinema de horror mesmo).



O filme parece mais tratar de um cara cuja vida parece ser uma sucessão de fracassos, que se fode interminavelmente, minando assim sua sanidade, do que um mero filme de horror. O que aqui acaba sendo uma pretensão equivocada. Por exemplo, além da vida amorosa tá no poço, quando resolve se apaixonar por outra mulher, descobre que ela sai com outros caras. Ele implanta uma prótese no lugar da mão, mas não consegue administrar a mesma. E assim vai, de fracasso em fracasso. 

Michael Caine alegou que achou o roteiro ruim, mas aceitou apenas pelo dinheiro, já que queria construir uma garagem nova em sua casa. Ele já fez isso em outros filmes, como no bisonho “Tubarão 4 – A Vingança”, em que aceitou para construir uma casa nova.

Faltou um pouco de senso de humor, que só se vê na cena final, o que acaba destoando do resto.

Enfim, nada demais.



                               

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