★★★
Quem espera
uma animação stop-motion sobre o mais popular punk ranzinza dos quadrinhos
brasileiros dos anos 80, contando uma história linear e redondinha, talvez se
decepcione, mas quem procura por algo mais, provavelmente vai ficar satisfeito,
pois este longa é menos sobre Bob Cuspe e mais sobre seu autor, o icônico
Angeli.
Mistura de
documentário, onde vemos uma animação de uma longa entrevista com Angeli,
alternada com uma história em que Bob Cuspe (com voz do Milhem Cortaz), velho e decadente (como se fosse
possível um punk decair), aliado aos irmãos Kowalski (os dois com voz de Paulo Miklos), tem de enfrentar monstros
do pop, uma legião de Elton Johns (!!!) em um cenário pós-apocalíptico, que
seria a própria mente de Angeli.
O mote
principal aqui é uma reflexão sobre a arte e a criação de Angeli, com pontas de
outros personagens criados pelo cartunista nas saudosas páginas da revista
Chiclete com Banana, como Rê Bordosa, Rhalah Rikota e os Skrotinhos.
Tem
participação da Laerte, que formava com Angeli e Glauco os “Los Três Amigos”.
Aliás, mais do que outros personagens que não apareceram aqui, como a Mara
Tara, Wood & Stock ou o Bibelô, por exemplo, senti falta mesmo foi de uma
citação ao Glauco Villas Boas, assassinado em 2010. Mas eu sou apenas um velho
reclamão.
Ao refletir
sobre a sua criação e seu momento de maior criação, Angeli escapa aquele cheiro
de nostalgia dos anos 80, com trilha sonora com músicas como “Sonífera Ilha” e
“Cabeça Dinossauro” (ambos do Titãs), “Pânico em SP” (Inocentes), “Me Perco
Nesse Tempo” (Mercenárias), “Corredor Polonês” (Patife Band), entre outros. O
filme faz brincadeiras com clássicos do cinema oitentista como Mad Max, Fuga
de Nova York, Evil Dead 2, The Thing, O Iluminado.
Misto de documentário, ensaio, metalinguagem e road movie, Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente é uma viagem pela mente de Angeli. Pode não ser tão engraçado quanto alguns podem esperar, mas sim, é muito interessante.
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