Intrépidos Punks (México, 1988) – Francisco Guerrero

 ★★★

Se procura um tratado sociológico sobre o movimento punk, você está no texto errado. Agora, se procura uma diversão debilóide, com todo tipo de grosseria, selvageria e tosquices. Daquelas porcarias que são tão ruins que fica bom... eis seu filme!

Imagine um filme que mixa aqueles biker movies dos 60, que foi produzido as pencas por Roger Corman (como The Wild Angels, Devil’s Angel, entre outros ‘angels’), com figurinos que parecem terem sido rejeitados pela produção de Mad Max, por serem caricatos, cafonas e ridículos demais (como se isso fosse possível).

Você sabe que está com uma preciosidade em mãos quando na abertura não os créditos impresso em tela, mas grafites feitos em paredes de tijolos ao som de um rockzinho fuleiro muito ruim, e que se repete ao decorrer da fita.



Depois de passado dos créditos pichados temos um banco sendo assaltado por um grupo de freiras! Na verdade as ‘irmãs’ são garotas disfarçadas que fazem parte de um grupo de punks que aterrorizam a região, se locomovendo em suas motos.

E isto é só o começo.  

O bando selvagem é liderado pela loira escultural Fiera, interpretado por uma atriz chamada Princesa Lea (será que o George Lucas sabe disso?), uma canadense que começou em shows de strip em Miami e acabou parando no bagaceiro cinema exploitation mexicano.

Fiera pretende libertar seu companheiro da prisão, o musculoso Tarzan (interpretado pelo lutador de lucha libre El Fantasma, que como manda a tradição, não mostra nunca seu rosto), que na verdade é o verdadeiro líder do grupo.



Hilária a cena em que os punks sequestram as mulheres de funcionários do presídio, para trocá-las por detentos. Porém, os funcionários não atendem ao telefone, e quando o fazem, não dão bola para o pedido, por estarem entretidos em uma orgia com prostitutas. Os punks por sua vez, não se contentam em violentarem as reféns, e para mostrar que o sequestro é sério, decepam a mão da esposa do diretor do presido e mandam para ele.

Com Tarzan liberto, e com seu visual de rebites prateados (que o faz parecer ter saído de algum jogo da CAPCOM dos anos 80), o grupo segue sua rotina de saques, agressões, estupros e assassinatos.

Os punks não só são seguidos por um trio de policiais de terno e bigodes, como o grupo arranja briga com uma gangue de traficantes em que os punks tentaram passarem a perna. O final será o embate dos punks com os trafis e depois com a polícia.

O filme é praticamente antológico de cabo a rabo. Com um festival de barbaridades para ninguém botar defeito. Temos gente sendo arrastada por uma corda puxada por um carro, um frentista de gasolina incendiado, uma punk junkie que morre brincando de roleta russa, entre outras coisas. Tudo temperado por diálogos memoráveis como esse: “Irmãos, olhem o que trouxe para vocês. Pó! Pó maravilhoso! Erva! Erva das boas! E todo tipo de estimulantes! Para que possamos viver no paraíso por muito tempo!”.



Toda a pretensão de ser violento, chocante, agressivo e ofensivo falha miseravelmente na indigência do próprio filme, começando pelo já citado visual caricato, com punks usando moicanos que mais parecem um poodle mal tosado, sem falar nas interpretações ruins, direção fraca, produção pobre e tudo emulado pela qualidade ruim de VHS ripado, o que dá a esta obra o ar perfeito de entretenimento maldito de sessão grindhouse.

Teve ainda uma continuação em 1991, chamada La Venganza de los Punks, tão engraçada e retardada quanto esta, embora sem a Princesa Lea, infelizmente.

 Para os cinéfilos normais de gola role Intrépidos Punks é um lixo desprezível, para os aficionados por cinema torto e distorcido é um deleite!



 

 

 

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