★★★
Primeiramente
mentalize duas perguntas. Primeira, o que acha de um slasher oitentista de
baixíssimo orçamento em que o assassino é o mitológico Pé Grande? A segunda
pergunta é: como resistir a uma tranqueira bizarra dessas?
Pois então,
por trás deste título genérico, e do poster feioso, temos uma pérola vagabunda bem peculiar. Um legítimo exploitation sem a mínima vergonha na cara. Daquelas porcarias que de tão ruins, ficam boas.
O filme
começa com um homem com metade do rosto tapado por bandagens, em um quarto de
hospital à meia luz (provavelmente para esconder a pobreza dos cenários), ele
conta então á médicos e um policial a sua história...
O homem
ferido é na verdade o professor Nunget (Michael Cutt, estreando no cinema, logo
engataria outro slasher Sweet Sixteen) que dá aulas de antropologia e resolve
levar cinco alunos (provavelmente os mais puxa-sacos) para os confins de uma
floresta onde bizarros assassinatos são creditados ao Pé Grande. O objetivo do
grupo é provar a veracidade da mitológica criatura.
Agora, um
professor arriscar levar seus alunos para um mato onde aconteceu uma série de
assassinatos me escapa a compreensão, mas se não fosse assim, não teríamos o
filme, né?
Enquanto
acampam aqui e ali, o professor narra casos de mortes para os alunos, o que dá
um flashback atrás do outro, o que cria, graças à inaptidão do diretor, uma
narrativa confusa e bagunçada. Se por um lado isto é ruim, por outro dá
dinâmica ao filme, pois cada flashback é garantia de uma cena sangrenta. O
professor também encontra, na noite, em meio à floresta, um culto pagão de
adoração `á criatura. Além de Wanda (Melaine Graham), uma garota enlouquecida,
cujo pai, fanático religioso, morreu em um incêndio e ela teria sido violentada
pelo monstro (me refiro ao Pé Grande mesmo), e gerado um filho híbrido. Até chegarmos ao clímax, com a turma
do professor refugiado em uma cabana, com o bicho invadindo o lugar e causando o
caos.
Claro que
ver um bicho desses matando pessoas não era exatamente uma novidade, em Shriek
of the Mutilated (1974) do picareta Micahel Findlay, temos um Yetl (o Pé
Grande made in Tibete) matando alpinistas, mas aqui temos um agindo na floresta
bem ao gosto dos slahers de camping nos moldes de Sexta-Feira 13 – reparem o
primeiro filme desta franquia foi lançada no mesmo ano deste “Night of Demon”,
ou seja, é o Pé Grande atacando na floresta antes de virar modinha.
Se os
valores de produção são visivelmente baixos, com o destaque absoluto para a
maquiagem do bicho – parece que cobriram as costas do ator com um tapete de
pelego. Impossível não rir. A direção, o roteiro e o elenco são amadores, por
outro lado o sangue e o gore correm soltos – reza a lenda que as cenas gores
foram dirigidas pelo produtor (e autor da ideia do roteiro) Jimm L. Ball, se
dependesse apenas do diretor James C. Wasson, quase não viríamos sangue.
E os fãs de sangue & tripas não tem do que reclamar aqui, já no começo temos um braço amputado, e o sangue que sai do cotoco preenche uma pegada do monstro. Temos também um cara arremessado, dentro de um saco de dormir, que acaba sendo espetado em um galho. O bicho ainda arranca o pênis de um motoqueiro que iria mijar no mato. Retira as tripas de uma vítima, para bater que nem chicote em outra vítima. Pega duas escoteiras, armadas de facas, pelas mãos e faz uma esfaquear a outra numa espécie de dança maluca. Isto sem falar de feridas abertas em closes e um sangue aguado escorrendo a vontade e sem pudor.
E, claro, não poderia faltar, temos o Pé Grande interrompendo transas, no melhor estilo slashers.
E foi justamente o gore que colocou o filme na famigerada lista dos Video Nasties, a lista de VHS proibidões na inglaterra da Era Tatcher.
Reúna os
amigos, abram umas cervejas e peguem umas pizzas e divirtam-se com esta
tranqueira.
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