Escravas do Medo (Experiment in Terror, EUA, 1962) – Blake Edwards

★★★★

Blake Edwards hoje é mais lembrado por suas comédias com Peter Sellers, como a franquia A Pantera Cor-de-Rosa ou Um Convidado Bem Trapalhão, ou até mesmo suas obras em fim de carreira com o então astro em ascensão Bruce Willis (Encontro às Escuras, Assassinato em Hollywood).

OK, tem Corrida do Século, Bonequinha de Luxo, etc. No entanto pouca gente se lembra que Edwards foi roteirista, produtor, ator (inclusive trabalhou numa deliciosa tranqueira de terror B Stragler of the Swamp). E que realizou filmes sérios e densos como Vício Maldito, sobre o alcoolismo. E também fez este esquecido e brilhante thriller Experiment in Terror, que inclusive influenciou o cineasta David Lynch.

Kelly Sherwood (a encantadora Lee Remick, que mais tarde receberia sua única indicação ao Oscar no supracitado Vício Maldito) é uma caixa de banco que é assediada por um misterioso maluco com voz asmática. O bandido quer que ela roube cem mil dólares do banco em que trabalha, ou então matará a moça e sua irmã mais nova que mora com ela, Toby Sherwood (uma novinha Stephanie Powers que ficaria famosa em trabalhos na tv como o seriado Casal 20). 

John Ripley (Glenn Ford com seus trejeitos canastrões de sempre) é o agente do FBI encarregado de descobrir quem é o bandido e capturá-lo.

Começa um jogo de gato e rato, com nuances noir, seja pela fotografia, seja pela caracterização e ambiguidade de alguns personagens, como uma suposta amante do vilão ou um excêntrico informante da polícia.. Até chegarmos no clímax, que será numa partida de baseball (não se preocupe se você não goste ou não entende nada do esporte, isto não compromete a fruição da sequência)

Já na abertura, logo após os créditos, com Kelly sendo atacada em sua garagem pelo bandido, com o rosto protegido pelas sombras, o filme nos joga num clima de tensão permanente, onde suas mais de duas horas de duração fluem que o espectador nem sente.

Blake Edwards manipula o suspense com maestria hitchcokeana, com bom uso da câmera, da trilha e da montagem.

A influência deste filme na obra de David Lynch é notável, não é a toa que a moça mora numa rua chamada Twin Peaks, que algumas cenas do bandido falando com a personagem de Remick foi homenageada em Coração Selvagem, fora que um dos personagens do filme se chame ‘Red’ Lynch.

Enfim, um daqueles ótimos filmes de suspense que quando termina, estamos com aquele sorriso no rosto de satisfação.

Altamente recomendável.


 

 


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