Hex (Xie, Hong Kong, 1980) – Kuei Chih-Hung

★★★

Filme de horror da mítica produtora Shaw Brothers com o selo de qualidade do cultuado diretor Kuei Chih-Hung.

Em alguma província chinesa de um tempo remoto (seria século XIX?) encontramos uma bela e doente mulher (Ni Tien), oriunda de uma próspera família de comerciantes, a moça teve sua fortuna lapidada e se encontra na falência, restando apenas a bela mansão familiar, fica beira de um lago. Tudo isso para desgosto de seu marido canalha (Jung Wang), que se casou por interesse e agora só se dedica a beber e espancar a esposa e a emprega.

Cansada das surras e maus tratos, a empregada pede demissão, enquanto a patroa fica tossindo sangue. Miraculosamente bate a porta uma jovem (Chen Szu-Chia) que se oferece para ser a nova empregada. Não demora muito para ela sofrer agressões e até um estupro do patrão.

Numa noite chuvosa, patroa e empregada acabam matando o homem beberrão, e jogando seu cadáver no lago ao lado. Mas o fantasma dele acaba assombrando a casa, até matar a esposa do coração.

Daí vem o plot twist, tudo não passou de encenação do marido com sua amante, justamente a nova empregada. Com a dona da casa morta, os pombinhos ficam com a mansão. Mas agora é o fantasma da mulher que aparece clamando por vingança.

A primeira metade do filme é uma copia histérica e nada sutil made in Hong Kong do clássico As Diabólicas (1955) de Henri-Georges Clouzot, na segunda metade o filme perde o controle, com aparições fantasmagóricas e até chegarmos ao antológico clímax, a cena mais famosa do filme, em que uma sessão de exorcismo, temos uma dança com uma mulher nua, com o corpo pintado com ideogramas chineses, faz uma dança acrobática de uns sete minutos. Tão gratuito quanto hipnotizante. 

Embora não seja tão maluco e aviltante quanto outros filmes do diretor, como Betwitched (leia sobre ele aqui), Boxer’s Omen e The Sanke Killers, este Hex ainda tem momentos asquerosos e gosmentos envolvendo fantasmas. Têm o alívio cômico de praxe, e o final reserva outro plot twist completamente bobo, inverossímil e desnecessário, mas que paradoxalmente contribui para o clima doido geral. A obra é especialmente valorizada pela bela fotografia e iluminação. As tomadas feitas dentro da mansão, a névoa que rodeia a residência, vinda do lago, tudo isso é muito climático. 

Vale uma espiada.



 

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