Mumsy, Nanny, Sonny & Girly (Reino Unido, 1970) – Freddie Francis

 ★★★★

Bizarro e insano estudo sobre a loucura e infantilismo, com muito humor negro britânico.

A jovem e bela Girly (Vanessa Howard) e seu irmão Sonny (Howard Trevor), são adolescentes que agem como crianças pequenas, eles sequestram mendigos, bêbados e quem mais marcar bobeira levam para a enorme mansão em que moram, com sua mãe, Mumsy (Ursula Howells) e a empregada Nanny (Pat Heywood).

Eles tentam força uma convivência de uma ‘família feliz’, e onde os cativos são incorporados como ‘novos amigos’, sendo obrigados a participarem das brincadeiras infantis dos filhos, caso contrário serão mandado para os anjos (isso mesmo que você está pensando).

Até a chegada de um ‘novo amigo’ (Michael Bryant) que resolve seduzir as mulheres da casa e desestabilizar a família.

O diretor Freddie Francis (1917-2007) foi um competente diretor de fotografia, trabalhando com diretores como David Lynch (O Homem Elefante, Duna, Uma História Real) e Martin Scorsese (Cabo do Medo), entre outros. Na cadeira de diretor, foi operário da Hammer (Cilada Diabólica, O Monstro de Frankenstein, Drácula – O Perfil do Diabo, etc) da Amicus (As Profecias do Dr. Terror, A Maldição da Caveira, As Torturas do Dr. Diabolo, etc), além de tranqueiras toscas e divertidas (Trog, o Monstro da Caverna, A Lenda do Lobisomem, O Carniçal, etc).

Mumsy, Nanny, Sonny & Girly foi o trabalho mais autoral de Francis, um filme em que queria ter, e teve, maior controle, e não ser um mero empregado de estúdio. E também ele queria explorar bem as dependências da mansão Oakley Court, que foi cenário de dezenas de filmes.

O problema é que o filme foi incompreendido na época, fiasco de bilheteria, acabou sendo cassado pela imprensa conservadora inglesa, que se chocou com o conteúdo. Porém, com o tempo, a obra foi ganhando status de cult. E apesar de tudo, Francis sempre falou que este foi seu filme favorito.

O fracasso foi tão grande que a atriz Vanessa Howard, embalada por outros fracassos na mesma época a carreira, acabou abandonando a carreira cinematográfica e indo se casar com um milionário norte-americano.

Por falar nela, Vanessa, então com 22 anos, carrega o filme nas costas, ora infantilizada, ora sensual, ora diabólica, ora completamente insana, a moça domina o filme de cabo a rabo. Não que o resto do elenco seja ruim, mas a garota os coloca no bolso.

Destaque para a ponta do eterno coadjuvante da Hammer Michael Ripper, como um funcionário de um zoológico.

A trama, cheia de jogos infantis distorcidos e um clima de loucura geral lembra vagamente coisas como Alice no País das Maravilhas ainda mais torto, ou se preferir, sobre famílias dementes, o clássico Spider Baby (1967) de jack Hill

Um filme original e perturbador que merece ser visto.



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