★★★
Depois do oscarizado A Forma da Água, a nova empreitado do
Guillermo del Toro foi esse remake estiloso e estilizado do clássico noir de
1947 dirigido por Edmund Goulding.
No final da década de 1930. Stanton Carslile (Bradley Cooper
em papel que quase foi de Leonardo DiCaprio) é um homem misterioso, que após
tocar fogo em sua casa, com um cadáver dentro, sai perambulando pelas estradas
dos EUA.
Ele acaba se juntando a um circo. Começando como pau-pra-toda obra, Stanton acaba se aproximando de Madame Zeena (Toni Collette) e seu marido alcoólatra Pete (David Strathairn). O casal tem um número picareta de clarividência, onde um fascinado Stanton tenta aprender todos os truques para enrolar incautos.
Depois da morte de Pete, Stanton se une a jovem Molly (Rooney
Mara), e o jovem casal saem do circo, para seguir uma exitosa carreira em
apresentações num hotel de luxo.
Reparem que em sua apresentação, Stanton usa uma venda com um olho desenhado. Seria uma homenagem ao clássico O Homem dos Olhos de Raio-X (1963) do Roger Corman?
É nesta altura que Stanton se une a inescrupulosa psiquiatra
Lilith Ritter (Cate Blanchett) para dar golpes em velhos milionários, com o vigarista
se passando por um vidente que pode contatar os mortos.
Ao tentar dar o grande golpe no excêntrico milionário Ezra Grindle (Richard Jenkins) que as coisas vão dar errada para o nosso protagonista.
Gullermo del Toro transforma seu neo-noir num deleite visual. Mas o filme tem alguns probleminhas, ainda mais comparado ao filme original.
Embora termos aqui uma obra de duas horas e meia (meia hora a
mais que a produção de 1947), o roteiro às vezes parece apressado.
Visualmente o filme deu um upgrade em relação ao material
original, deixando-o mais dinâmico, como é o caso do clímax no jardim do
excêntrico Grindle. E as ações do ‘geek’ - pessoas em estado de miséria, geralmente
bêbados ou viciados em drogas, que se apresentavam como seres selvagens capaz
de arrancarem a cabeça de uma galinha com os dentes, que no filme original era
apenas sugerido, ficando tudo em off-screen.
Mas a grande falha aqui se chama Bradley Cooper, eu sei, o
rapaz é esforçado, mas não tem o mesmo carisma e malícia cafajeste de Tyrone
Powe no filme original, assim como Rooney Mara não tem a candura de Coleen Gray.
No mais o elenco está excelente, Williem DaFoe como o dono do circo está
asquerosamente brilhante, temos Ron Perlman (em mais uma colaboração com Del Toro),
como Bruno, o homem forte do circo, a supracitada Toni Collette, excelente como
sempre, e a Cate Blanchett como a vilanesca e gélida femme fatale de rosto de mármore,
destila veneno. Os caras tiveram a manha de resgatar até a Mary Steenburg!
O final pessimista é bom, embora não tenha a força do bizarro
‘final otimista’ de 1947.
Sim, é um belo filme, gostei até mais do que de A Força da Água, e embora longe de ser perfeito, carrega uma força.
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