O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, EUA/México/Canadá, 2021) – Guillermo del Toro

 ★★★

Depois do oscarizado A Forma da Água, a nova empreitado do Guillermo del Toro foi esse remake estiloso e estilizado do clássico noir de 1947 dirigido por Edmund Goulding.

No final da década de 1930. Stanton Carslile (Bradley Cooper em papel que quase foi de Leonardo DiCaprio) é um homem misterioso, que após tocar fogo em sua casa, com um cadáver dentro, sai perambulando pelas estradas dos EUA.



Ele acaba se juntando a um circo. Começando como pau-pra-toda obra, Stanton acaba se aproximando de Madame Zeena (Toni Collette) e seu marido alcoólatra Pete (David Strathairn). O casal tem um número picareta de clarividência, onde um fascinado Stanton tenta aprender todos os truques para enrolar incautos.

Depois da morte de Pete, Stanton se une a jovem Molly (Rooney Mara), e o jovem casal saem do circo, para seguir uma exitosa carreira em apresentações num hotel de luxo.

Reparem que em sua apresentação, Stanton usa uma venda com um olho desenhado. Seria uma homenagem ao clássico O Homem dos Olhos de Raio-X (1963) do Roger Corman?

É nesta altura que Stanton se une a inescrupulosa psiquiatra Lilith Ritter (Cate Blanchett) para dar golpes em velhos milionários, com o vigarista se passando por um vidente que pode contatar os mortos.



Ao tentar dar o grande golpe no excêntrico milionário Ezra Grindle (Richard Jenkins) que as coisas vão dar errada para o nosso protagonista.

Gullermo del Toro transforma seu neo-noir num deleite visual. Mas o filme tem alguns probleminhas, ainda mais comparado ao filme original.

Embora termos aqui uma obra de duas horas e meia (meia hora a mais que a produção de 1947), o roteiro às vezes parece apressado.  

Visualmente o filme deu um upgrade em relação ao material original, deixando-o mais dinâmico, como é o caso do clímax no jardim do excêntrico Grindle. E as ações do ‘geek’ - pessoas em estado de miséria, geralmente bêbados ou viciados em drogas, que se apresentavam como seres selvagens capaz de arrancarem a cabeça de uma galinha com os dentes, que no filme original era apenas sugerido, ficando tudo em off-screen.



Mas a grande falha aqui se chama Bradley Cooper, eu sei, o rapaz é esforçado, mas não tem o mesmo carisma e malícia cafajeste de Tyrone Powe no filme original, assim como Rooney Mara não tem a candura de Coleen Gray. No mais o elenco está excelente, Williem DaFoe como o dono do circo está asquerosamente brilhante, temos Ron Perlman (em mais uma colaboração com Del Toro), como Bruno, o homem forte do circo, a supracitada Toni Collette, excelente como sempre, e a Cate Blanchett como a vilanesca e gélida femme fatale de rosto de mármore, destila veneno. Os caras tiveram a manha de resgatar até a Mary Steenburg!

O final pessimista é bom, embora não tenha a força do bizarro ‘final otimista’ de 1947.

Sim, é um belo filme, gostei até mais do que de A Força da Água, e embora longe de ser perfeito, carrega uma força.




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