King of the Zombies (EUA, 1941) – Jean Yarbrough

 

Tranqueira da produtora Monogram, um dos estúdios mais miseráveis do chamado Poverty Row (Linha de Pobreza) de Hollywood. Uma mistura de comédia sem graça e terror sem susto.

Um avião cai em uma ilha, em algum ponto entre Porto Rico e Cuba. Os tripulantes são James McCarthy (Dick Purcell), Bill Summers (John Archer) e Jeff (o comediante negro Mantan Moreland). Em meio a selva, o trio encontra a mansão de um tal Dr. Sangre (Henry Victor do clássico Freaks). Há um clima estranho por lá, com zumbis rondando a casa, a esposa catatônica do dr., e a suspeita de que este trabalhe para algum governo inimigo. Sem falar da sobrinha da esposa do vilão, que tenta a todo custo o que fizeram com a tia.

Embora não seja explicitado, fica evidente que o tal dr. Sangre trabalhe para os nazistas (o filme foi rodado antes de Pearl Harbor e os EUA ainda não tinham entrado na guerra).

A trama também lembra o posterior I Walked with a Zombie de Jacques Tourneur.



Mas todo esse pioneirismo vai por água baixo, graças a ruindade geral. Realizado em estúdio, com a incompetência que típica da Monogram, embora, vejam só, o filme chegou a concorrer o Oscar (!!!) como melhor trilha sonora para comédia ou drama em 1942.

No final é mistura indigesta de zumbis haitianos, hipnose, nazistas e piadas sem graça.

Vale ressaltar que os zumbis aqui, são aqueles mortos escravizados por algum feiticeiro, ou algo que o valha (no final, aqui não é nem isso), longe dos comedores de gente, que viraria padrão, que foi inventado pelo George Romero no icônico A Noite dos Mortos-Vivos.   

Para o papel do vilão, tinham planejado Bela Lugosi, que acabou aceitando, pois tinha coisa melhor para fazer na vida (ou, pela sua carreira aquela altura, estava comprometido com outra porcaria qualquer).

Originalmente para ser uma fita de terror, mas com o sucesso de O Castelo Sinistro, comédia de horror estrelado por Bob Hope, a Monogram mudou os planos e chamaram Mantan Moreland, o alívio cômico da produtora (que também apareceria em episódios da franquia Charlie Chan na fase Monogram). Visto hoje, muita gente pode ficar horrorizada como Moreland, entre outros atores negros, eram contratados como coadjuvantes para interpretar personagens estúpidos e medrosos, e ainda reforçar estereótipos raciais. E você vê que o troço é um fundo do poço quando o melhor ator em cena é Moreland, que apesar de abusar de seus olhos esbugalhados, consegue dar certa vida ao seu personagem.

Longe de ser legal como White Zombie (1932) de Victor Hugo Halperin ou o supracitado clássico de Jacques Tourneur, King of the Zombies é apenas uma apagada nota de rodapé. 

Fuja.



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