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Tranqueira
da produtora Monogram, um dos estúdios mais miseráveis do chamado Poverty Row
(Linha de Pobreza) de Hollywood. Uma mistura de comédia sem graça e terror sem
susto.
Um avião cai em uma ilha, em algum ponto entre Porto Rico e
Cuba. Os tripulantes são James McCarthy (Dick Purcell), Bill Summers (John
Archer) e Jeff (o comediante negro Mantan Moreland). Em meio a selva, o trio
encontra a mansão de um tal Dr. Sangre (Henry Victor do clássico Freaks). Há um clima estranho por
lá, com zumbis rondando a casa, a esposa catatônica do dr., e a suspeita de que
este trabalhe para algum governo inimigo. Sem falar da sobrinha da esposa do
vilão, que tenta a todo custo o que fizeram com a tia.
Embora não seja explicitado, fica evidente que o tal dr.
Sangre trabalhe para os nazistas (o filme foi rodado antes de Pearl Harbor e os
EUA ainda não tinham entrado na guerra).
A trama também lembra o posterior I Walked with a Zombie de
Jacques Tourneur.
Mas todo esse pioneirismo vai por água baixo, graças a
ruindade geral. Realizado em estúdio, com a incompetência que típica da
Monogram, embora, vejam só, o filme chegou a concorrer o Oscar (!!!) como
melhor trilha sonora para comédia ou drama em 1942.
No final é mistura indigesta de zumbis haitianos, hipnose,
nazistas e piadas sem graça.
Vale ressaltar que os zumbis aqui, são aqueles mortos
escravizados por algum feiticeiro, ou algo que o valha (no final, aqui não é
nem isso), longe dos comedores de gente, que viraria padrão, que foi inventado
pelo George Romero no icônico A Noite dos Mortos-Vivos.
Para o papel do vilão, tinham planejado Bela Lugosi, que
acabou aceitando, pois tinha coisa melhor para fazer na vida (ou, pela sua
carreira aquela altura, estava comprometido com outra porcaria qualquer).
Originalmente para ser uma fita de terror, mas com o sucesso
de O Castelo Sinistro, comédia de horror estrelado por Bob Hope, a Monogram
mudou os planos e chamaram Mantan Moreland, o alívio cômico da produtora (que também apareceria em episódios da franquia Charlie Chan na fase Monogram). Visto
hoje, muita gente pode ficar horrorizada como Moreland, entre outros atores
negros, eram contratados como coadjuvantes para interpretar personagens
estúpidos e medrosos, e ainda reforçar estereótipos raciais. E você vê que o
troço é um fundo do poço quando o melhor ator em cena é Moreland, que apesar de
abusar de seus olhos esbugalhados, consegue dar certa vida ao seu personagem.
Longe de ser legal como White Zombie (1932) de Victor Hugo Halperin ou o supracitado clássico de Jacques Tourneur, King of the Zombies é apenas uma apagada nota de rodapé.
Fuja.
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