Pode a Dialética Quebrar Tijolos? (La dialectique peut-elle casser des briques?, França, 1973) – René Viénet
★★★
René Viénet foi um escritor e cineasta situacionista,
ex-participante da Internacional Situacionista (SI), junto com Guy Debord, entre outros.
Vienet ficou famoso por usar uma técnica chamada tournement,
que consistia no desvio de elementos culturais já existentes para novos propósitos
subversivos. Com esta proposta ele criou este “Pode a Dialética Quebrar
Tijolos?”, ele simplesmente pegou um filme fuleiro de kung fu de Hong Kong – no
caso Kung Fu Fighting / The Crush (Tang shou tai quan do, 1972) de Kuang-Chi
Tu e o redublou em francês, cheio de slogans revolucionários, aforismos e
críticas a estagnação da revolução da época.
Sendo assim, os personagens se dividem em heróis (os
proletários) e vilões (os burocratas), com críticas à Trostky, Lenin e Castro e
citações à Marx e, inclusive a anarquistas boca brabas como Bakunin, Durriti e
Ravechol. Ah, sobra até para William Reich e Marquês de Sade nesta salada de
referências.
Vale lembrar que este precursor esquerdista do Tela Class não
foi uma ideia devidamente original, o primeiro crédito de Woody Allen como
diretor foi What’s Up, Tiger Lilly? (1966), em que o diretor nova-iorquino
pegou uma cópia vagabunda japonesa de James Bond e o redublou todo,
transformando-o em puro nonsense.
Você pode até descordar das ideias de Viénet, e achar algumas
passagens cansativas, mas o discurso ideológico socado entre golpes, chutes e
espadas criam um efeito hilariante, com momentos de grande comicidade.
Uma obra bizarra e divertida.
Comentários
Postar um comentário