The Sadness (Ku bei, Taiwan, 2021) – Rob Jabbaz

★★★★

Olha, para algum filme retirar deste The Sadness a coroa de obra mais demente, nauseante, perturbador/perturbado que caiu por aqui este ano, vai ter que suar muito a camiseta.

O filme começa no apartamento do casal Jim (Berant Zhu) e Kat (Regina Lei), depois de uma suave discussão corriqueira sobre se farão ou não uma viagem na próxima semana, Jim assiste um telejornal que fala sobre uma epidemia de uma espécie de variante do vírus da raiva. Logo depois o moço da sacada, conversa com o vizinho negacionista e vê no topo de um pré3dio vizinho, uma velha com a camisola manchada de sangue... sinais, vejam os sinais. Depois de largar a sua companheira no trabalho, Jim vai até um boteco, tomar um café preto, e aí que a coisa degringola, com pessoas se matando brutalmente. Em meios ao caos que a cidade toma, o rapaz precisa ir de encontro a sua amada, e esta por sua vez também passa seus perrengues entre os infectados.



Claro que a pandemia do corona vírus e seu negacionismo impulsionado por figuras grotescas como Trump e Bolsonaro, dão um molho especial de inspiração aqui.

O fato é que The Sadness se destaque pelo gore desenfreado, uma montanha russa de banho de sangue, tripas, vômitos e tudo mais. As pessoas infectadas, que se caracterizam pelos olhos todos negros e um vermelhão na pele ao redor destes, começam a matar, torturar e violentar suas vítimas (com direito a uma cena de necrofilia e uma suruba com os doentes banhados em sangue). A cena da carnificina no metrô já nasceu antológica, assim como a da morte do presidente. Claro que o filme é carregado de críticas e niilismo, como o virologista que não tem a doença, mas se comporta tão maldosamente quanto os infectados. E o final me remeteu a conclusão do Cães de aluguel do Tarantino.

Visto como uma variante de filmes de zumbis, ele vai na linha de filmes de doenças que deixam as pessoas enlouquecidas, o próprio George Romero, criador dos zumbis antropofágicos foi um dos precursores desta  cepa com seu The Crazies (1973), antecedido pelo maravilhosamente vagabundo I Drink Your Blood (1970) de Dasvid E. Durston. E depois se sucede com os primeiros filmes do Cronenberg (Shivers e Rabid), Nightmare City de Umberto Lenzi, Ebola Syndrome de Herman You, etc, etc. A lista é longa e maravilhosa.



Estreia em longa metragem do diretor Rob Jabbaz, um canadense radicado em Taiwan que tinha feito curtas, comerciais e animações. Inclusive um de seus desenhos animados passa em uma TV em determinado momento. O cara se mostra desenfreado e disposto a socar estômagos sensíveis. Para isso contou com uma produção caprichada e efeitos eficientes.

O resultado é tão desgracento que nos remete aos trabalhos gloriosos de diretores como Lucio Fulci, Romero, Takashi Miike, Ruggero Deodato entre outros infames. 

Acho que ficou óbvio que é um filme que não irá agradar a todos os paladares, mas para os fãs hardcores do cinema gore, eis um clássico instantâneo.

Maravilhosamente insano, intenso e nauseante.



 

 

 

 

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