★★★
Fazia anos que estava
louco para ver, e finalmente consegui assistir esta cultuada, e mais falada do
que propriamente vista, versão para a tv do clássico livro de Bram Stoker,
muito elogiado pela sua fidelidade ao material e pela atuação do elenco,
principalmente de Louis Jourdan como o vampiro mais famoso do mundo. Realizado
pela BBC de Londres, o telefilme foi ao ar em 22 de dezembro de 1977 na
íntegra, com suas duas e meia de duração, para só depois ser reprisado como
minissérie, fatiado em três capítulos. Eu assisti em dois arquivos, a primeira
parte de uma hora e dez e a segunda com uma hora e vinte.
O estranho anfitrião de Harker tem hábitos estranhos, aparentemente não se alimenta, só anda pela casa a noite, não tem criados, parece viver em concubinato com três belas garotas, tão esquisitas quanto ele – aqui a famigerada cena de Drácula oferecendo um bebê para alimentar as moças, a cena foi cortada quando da primeira exibição do telefilme, e ficou vinte e cinco anos trancadas nos cofres da BBC, sendo incluída posteriormente, no fim das contas, é uma cena jogada rapidamente.
Sem falar que ele, para pavor de Harker, rasteja pelas paredes externas do castelo, como no livro, aqui aos pulinhos um tanto ridículos, mas ao contrário do que falaram por aí, não é a primeira vez que essa peripécia é registrada em imagens, em Scars of Dracula (1970) da Hammer, Christopher Lee já bancava o Homem-Aranha.
Seguindo o roteiro de
praxe. Drácula mantém Harker prisioneiro em seu castelo, enquanto se dirige
para a ilha britânica, ávido por colocar suas presas nos pescoços da noiva de
seu prisioneiro, Mina (Judi Bowker) e sua irmã Lucy (Susan Penhaligon) – outra mudança
do romance original, as duas garotas, que no livro são amigas, aqui são
condicionadas a serem irmãs.
Agora vamos aos fatos.
Count Dracula envelheceu pra caramba. O filme tenta se afastar da
apelação erótica e violenta da Hammer, assim como também não dá para comparar
com o visual kitsch-carnavalesco-pré-gótico-emo da versão de Coppola, eles
tentaram dar um visual mais sóbrio (pero no mucho), mas se algumas cenas
externas, em cenários naturais, são belas, algumas cenas internas são
prejudicadas por cenários com cara de cenário, A captação de imagens lhe dá um
ar de telenovela. Parece que estamos vendo uma novela global de época das 18
horas (a famigerada ‘novela das seis’), com diferencial de ser falado em inglês
e obviamente filmado nos anos de 1970. Alguns efeitos especiais são ridículos e
simplórios. Por exemplo, a viagem de navio de Drácula até a Londres, de longe a
melhor passagem do livro, aqui é tratada rapidamente, com uma ridícula cena de
um navio em miniatura em mar de plástico, nem os turcos fariam melhor (pior).
Outro recurso medonho é usar alguns closes do vampiro em negativo, com detalhes
em vermelho rubro. OK, em Nosferatu, as cenas em negativo da carruagem
na floresta, dão um clima bacana, mas aqui o efeito soa apenas cafona demais
(tão pensando que Murnau é bagunça?).
Longe de ser a obra-prima
cantada aos quatro ventos por muitos (que, desconfio, esteja metido neste meio,
pessoas se quer viram ele), ainda assim Count Dracula vale a maratona.
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