The Cursed (EUA, 2021) – Sean Ellis

★★★

Ok, aqui estamos diante de mais um folk horror de época com cara das produções da A24, principalmente A Bruxa.

Na verdade The Cursed é uma variação interessante do mito do lobisomem (não confundir este filme com Amaldiçoados (Cursed) aquela porcaria do Wes Craven).

O filme começa em 1917. Nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Quando um soldado baleado vai para uma barraca do hospital improvisado, e o médico tira de dentro do paciente, entre os festins alemães, uma bala de prata.

Embarcamos num flashback de 35 anos atrás.

O líder de um grupo de latifundiários pretende expulsar uma comunidade cigana da região. Para isso manda um grupo de mercenários para enxotar o povo nômade.

Os que os mercenários promovem é um massacre dantesco – em uma das cenas mais impressionantes do filme, eles colocam um saco na cabeça de um cigano, arranca suas mãos e pés, colocando palha no lugar, e amarram o corpo agonizante em uma cruz de madeira e o colocam de em pé, criando um bizarro e sinistro espantalho humano. Os mercenários também enterram viva a matriarca dos ciganos. Claro que a velhinha vai jogar uma maldição nos homens brancos da região. Maldição que envolve uma dentadura de prata, adorada pelos ciganos.

Depois do massacre, uma criança desenterra a tal dentadura e coloca na boca, se transformando assim no primeiro monstro. E começa os ataques, quem sobrevive acaba se tornando outra besta, criando um caos na comunidade.

Chega a cidade um patologista ambulante, John McBride (Boyd Holbrook), cuja família tinha sido morta, anos atrás, pela Besta de Gévaudan, e ele usa todos seus conhecimentos para enfrentar as criaturas.

Com uma fotografia belíssima (o próprio Sean Ellis, além de diretor, produtor e roteirista, também se encarregou deste setor) cheia de névoas e climática, e uma convincente reconstituição de época, The Cursed enche os olhos, as cenas de gore são impactantes, só os lobisomens em CGI deixam um pouco a desejar (como assim lobisomem, que além de não se assemelhar em nada com um lobo, ainda não possui pelo algum!).

O roteiro toma uma liberdade factual, já que a ação se passa no final do século XIX, e a lendária Besta de Gévaudan, um dos casos reais envolvendo supostos lobisomens, teria realmente ocorrido há mais de cem anos, por volta de 1764-1767.

Embora com quase duas horas de duração, o filme carece de um roteiro mais consistente e melhor desenvolvimento dos personagens, apesar dos esforços do ator Boyd Holbrook, seu personagem não desperta grande simpatia, assim como o casal de crianças (interpretados por Amelie Crouch e Max Mackintosh), filhos inocentes do cruel líder dos latifundiários, a quem a narrativa deveria dar uma atenção especial, mas são outros que não despertam grandes empatias, apesar do garoto ter sido uma das primeiras vitimas da licantropia causada pela maldição cigana.

Apesar de suas deficiências e seja um tanto irregular, The Cursed vale uma espiada, seja pelo seu visual deslumbrante e algumas cenas marcantes.

 


 

 

Comentários

  1. Respostas
    1. O pessoal tem adorado. Eu gostei, mas acho que algumas escolhas ali foram equivocadas. Bom, mas isso é minha ranzinzisse, né? Hahaha! Abração Grande Coffin!

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  2. Eu achei o melhor filme do ano. Gostei bastante mesmo.
    Tamo junto!

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    1. O pessoal tem adorado ele. Ainda acho cedo para escolher o melhor do ano, mas em se tratando de lobisomem acho que não aparecerá nenhum melhor que ele este ano. Abraços!

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