X (EUA, 2022) – Ti West

★★★

O sonho do Ti West é ser um Tarantino do cinema de horror. Com seu cinema referencial e reverencial ao universo exploitation. OK, ele não é o único, Eli Roth e Robert Rodriguez estão aí para provar, só que sem a pegada retro de West. E Ti no fundo não passa de um picareta, bom, Tarantino também, mas com talento para escrever diálogos e situações mais carismáticas.

Dificilmente o trabalho de West me agradou, faltava lhe vida e sangue no olho. Acho profundamente aborrecidos alguma de sua obras como A Casa do Diabo, Cabana do Inferno 2, Hotel do Inferno, entre outros bocejos. O filme que eu tinha mais gostado do diretor foi O Último Sacramento, aquele inspirado no massacre de Jonestown, comandado pelo biruta Jim Jones... até chegarmos a este X, uma ode aos slashers e a cinema setentista, e que imediatamente se tornou meu filme favorito do cara. Finalmente ele acertou a mão – pelo menos para este pobre escriba, já que ele é cultuado por um punhado de gente mais esperta que eu. E também marca mais um acerto da produtora A24 (toda vez que leio o nome da empresa, me lembro dos papéis A4).

Estamos no Texas no ano de 1979. Um grupo de policiais vai até uma fazenda e encontra um punhado de cadáveres, e aí, é claro, o filme entra em modo flashback...

Um pequeno grupo de jovens aluga uma casinha em uma fazenda para gravar um filme pornô. Mas a pequena equipe vai ter que lidar com o casal de velhinhos psycho dono do lugar.

 A equipe é formada pelo diretor RJ (Owen Campbell), um jovem pretensioso e tão intragável quanto a maioria dos estudantes de cinema. Temos também a namorada do diretor, Lorraine (Jenna Ortega), que ajuda na captação do som direto e que mais tarde, cansada de ser zoada, resolve entrar no filme para uma cena de foda, para desgosto do namorado hipócrita. Temos o produtor executivo, o babaca histriônico Wayne (Martin Henderson) e a namorada deste, Maxine (a inglesinha Mia Goth daquele remake lixoso do Suspiria), que é a estrela principal e sonha em ser uma estrela do pornô. Completam o time Jackson (Kid Cudi), um negro bem dotado e único ator do tal pornô e a atriz loira peituda Bobby Line (Brittany Snow).

Maxine acaba sendo assediada pela velha dona do lugar Pearl (também interpretada por Mia Goth! Debaixo de pesada maquiagem, evidentemente). Rejeitada a velha resolve investir em seu marido broxa, Howard (Stephen Ure, também sobre pesada maquiagem). As tensões aumentam e claro que vai sobrar para os inquilinos na fazenda, e tudo ira desbancar em uma carnificina.

Como de praxe nos filmes do Ti West as coisas demoram um pouco para acontecer, mas desta vez ele soube levar o filme sem cair no tédio, óbvio que o clima de sacanagem ajuda a espantar qualquer tédio que poderia vir.  

Há um porém, para o filme fluir é necessário que o espectador engula a premissa básica: um casal de velhinhos que mal param em pé exterminando jovens saudáveis. O mesmo problema ocorreu com um slasher argentino, Sudor Frio (2010) de Adrian Garcia Bogliano, onde um grupo de velhos torturadores dos tempos da ditadura que brincam com sua vítimas usando nitroglicerina, quem não engoliu isso, achou o filme uma merda, como embarquei no Argentino e neste X, sai feliz, afinal, o cara não se acostumou a ver slashers com assassinos inexplicavelmente imortais? Verossimilhança que vá às favas! Queremos diversão! (nem vou falar na surpresa final, dispensável e boboca, que há aqui). 

Como o esperado o filme é recheado de citações, de Psicose até Sexta-Feira 13, os primeiros filmes de Tobe Hooper, O Massacre da Serra Elétrica e Eaten Alive (com direito até uma pessoa devorada por um aligator), Halloween (não falta nem (Don't Fear) The Reaper do Blue Öyster Cult na trilha sonora), etc...

O filme brinca com o moralismo tacanho, a filmagem retro de Ti West desta vez consegue emular corretamente a época tratada e cenas de tensão maravilhosas! Uma obra com mais acertos que erros e assim como o segundo filme da franquia Rua do Medo, que emulava os slashers de acampamento, voltamos a Era do VHS com seus filmes lixosos maravilhosos!

Continue assim Ti West.



Comentários

  1. (nem vou falar na surpresa final, dispensável e boboca, que há aqui). Ajuda aí Blob, qual é. Acho que perdi isso

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    1. SPOILER: a de que o pastor televangelista era pai da Maxine... pra quê aquilo? dispensável, né?

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  2. Também nunca fui fã do Ti West, mas o filme é Phoda!

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