Sherlock Holmes e o Colar da Morte (Sherlock Holmes und das Halsband des Todes, Alemanha Ocidental/França/Itália, 1962) – Terence Fisher ★★
Curiosamente, Fisher
já tinha realizado uma adaptação do detetive mais famoso de todos para a Hammer, o
infinitamente superior O Cão dos
Baskervilles (1959), com Peter Cushing como Holmes, tem Lee também no
elenco, em um papel secundário
Baseado muito
vagamente no romance O Vale do Terror
– na verdade só no miolo do filme, e o fato mais interessante da investigação
de Holmes no livro – que envolve um guarda-chuva e um altere, é completamente
suprimido aqui. Neste Sherlock Holmes
und das Halsband des Todes temos a dupla dinâmica Holmes & Watson
tentando desvendar qual a próxima tramóia do arquiinimigo de nossos
protagonistas, Professor Moriarty (Hans Söhnker), e descobre que ele está
envolvido com o roubo do colar que pertenceu a Cleópatra.
Com locações em Dublin,
Londres e Berlim, roteiro do mestre cinema pulp
Curt Siodmak (A Volta do Homem
Invisível, O Lobisomem, A Morta-Viva,
etc, etc, etc) e os supracitados Fisher e Lee, sem falar no elenco de apoio com
a participação de Senta Berger nada disso impediu que esse filme fosse uma tremenda
decepção.
Talvez Fisher tenha
sentido falta dos valores de produção da Hammer, com seus suntuosos cenários
kitsch e fotografia colorida. Aqui até quesitos básicos, como a montagem e a
fotografia em preto-e-branco estão aquém do nível do diretor, defeitos
reforçados pela cópia vagabunda disponível na web, inclusive no YouTube, que
para piorar, tem uma dublagem em inglês ridícula – curiosamente nesta cópia o
assistente de direção Frank Winterstein é creditado como co-diretor. Até o figurino
é descuidado, o sobretudo xadrez, vestimenta que ficou icônico em Holmes, aqui,
quando aparece, é pavoroso. Parece algo entre capa de butijão de gás e toalha
de piquenique.
Embora Christopher Lee
tenha uma presença imponente, seu Holmes está longe, por exemplo, da energia de
seu grande amigo Peter Cushing no supracitado O Cão dos Baskervilles. Thorley Walters faz um Watson atrapalhado,
mas longe do nível de quase debilidade mental do Nigel Bruce na série com Basil
Rathbone. O grande destaque do elenco fica mesmo para Hans Söhnker, que faz um
Moriarty sinistro.
Nos fins das contas o
grande inimigo de Holmes aqui não é Moriarty, mas o ritmo moroso e sonolento do
filme. Faltam-lhe vitalidade e cenas memoráveis. O resultado é extremamente
burocrático. Uma pena.
Claro que fãs do
detetive vão acabar vendo este filme, nem que seja por curiosidade. Agora se você
quer conhecer os krimis alemães procure algo do Harald Reinl ou Alfred Vohrer
(como o Im Banne des Unheimlichen,
que comentei aqui).
Link do filme do YouTube
(depois não diga que não avisei que é chatinho):
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